Mas numa hora diferente. Num Mundo paralelo a quatro horas de distância... Mas neste momento encontro-me noutro Mundo. Neste momento derreto-me e misturo-me com uma realidade onde a madrugada ainda não deu os bons dias. Os Santos Populares estão na outra porta, penso a Amália mas não a oiço - mal atravessei o portão. A amarga libertação da sapiência... É ambíguo. E estou encravada na minha paixão por mim que me transformou naquilo que nunca me chamou a atenção. Continuo a querer-me, mas vejo-me, do outro lado estrada, a acenar-me. Contudo continuo a querer-me.
É ambíguo... Sempre referi a luz, em tom de brincadeira. De certa forma o foco ficou intenso e grande parte da brincadeira apenas oralmente lhe tomava o cheiro. As cores era às escuras; às secretas; às securas. Então não se sabe as cores.
A verdade é que a conduta - moldável, finalmente mas tristemente - se mantém... O destino é o mesmo, mas com Destino à mistura. Dá costas quentes, então não dá?! Também gera muito amor... Oh(!) se gera...! Mas dá costas quentes e tudo o que o Destino promete. E ficas mole. E deixas de sugar o amor que tens. Se te apaixonares por ti, percebes que é a tua sina. Mole, como estás, e com tanto Destino à mistura até entregas o teu amor por ti numa bandeja de prata ao teu novo eu; à tua nova paixão por ti. Então não há forma de voltares a ser tu própria e assim, supostamente, não te rasgas toda por ti. Mas não te interessa... Porque continuas a apaixonar(-te).
Depois não há brincadeira e atravessas-te no teu caminho. Cheia de luz vês a Luz... Calma, diz-te ela. Voz colocada sempre em letra minúscula. O Destino tem cunhas nas lacunas do Universo. A História fica mal contada, a personagem toda trocada e o sujeito poético expressa-se de preto. E literalmente a negrito.
Calma... Deste um passo para trás. Tu queres-te onde tu não te queres.
E, repito, não pode haver confronto com hipotéticas certezas... Só por si é ambíguo.
2 comentários:
Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa, 4-8-1930
Estou a assistir às tuas teorias em direto. Às vezes fazes sentido.
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